Cinco garotos na praça faziam embaixadas e trocavam toques com a bola de futebol em uma praça cercada de casas coloniais. O lugar tinha coreto, igreja e diversas lojinhas, que disputavam atenções com o carrinho de churros. Mais ao lado, uma sorveteria. O fim de tarde estava bem ensolarado, quente, mas ventava o suficiente para tirar do lugar as madeixas que desfilavam pelo calçadão, beirando o mar.
O torpor da cena foi interrompido pelas risadas em espanhol dos meninos, que jogaram a bola longe. Estava em Cozumel, no México. Um lugar pacato, que lembra muito as cidades brasileiras pequenas. Eu me senti tão confortável naquela praça de Cozumel que me levantei da mureta onde estava sentada e abracei o carrinho de churros à minha frente com todo o amor do mundo. Impossível não lembrar de Chaves e dos churros da Dona Florinda, sucesso mexicano da década de 1980.
Mas a ilha dos churros traz ainda outras heranças deixadas pela humanidade. Cozumel é o primeiro ponto geográfico do México a receber os raios solares. Era, então, considerada pelos maias um local de adoração da deusa da fertilidade “Ixchel”. Por esse motivo, há sítios arqueológicos espalhados por toda a parte e abertos à visitação.
E por falar em maias, os habitantes atuais da ilha carregam os fortes traços físicos dessa civilização, tão famosa por sua inocência e honestidade. Algo muito bem abusado pelos espanhóis, quando invadiram a região, mas que ainda torna Cozumel um dos lugares mais afáveis do mundo.
Por ser pequena, é uma ilha prática para turista — dá para rodar por tudo em um dia. Alugar bicicletas, jipes e motos é muito fácil (chove empresa oferecendo o serviço). Optei pela scooter. O vento na cara anima a viagem feita por uma só estrada. Há inúmeras praias, botecos, comidinhas de rua, restaurantes, lojinhas e ruínas para visitar. Então, se um dia for a Cozumel, saia do hotel sem planos e descubra cada detalhe deste micromundo no mar mexicano — o mapa turístico ajuda.
Por fim, não deixe de mergulhar. Mesmo aqueles que não têm curso para usar os cilindros, podem aproveitar muito bem o passeio com snorkel mesmo. Enfrente o enjoo, caso tenha problemas com o mar (ok, eu vomitei). Vale a pena. A ilha é rodeada de magníficos corais e, com sorte, você poderá ver além da infinidade de peixinhos coloridos, as enormes arraias que pincelam o mar. Um presente de viagem que não cabe em nenhuma estante de sala.
*Texto publicado originalmente em 2011






