A quatro quilômetros das ruínas de Éfeso, na Turquia, ainda está erguida a casa onde Maria, mãe de Jesus, o Cristo, passou seus últimos anos de vida. Seu filho já tinha sido crucificado e ela ainda era perseguida. Morreu, assim, escondida naquela simples casinha de dois cômodos no alto de uma colina, com vista para o que se tornou a segunda maior cidade do Império Romano, Éfeso. Hoje, a tal da casa de pedra é um santuário e, como todo ponto turístico religioso, enche de fiéis do mundo todo carregados de orações, pedidos e agradecimentos.
Apesar do poco que fiquei no local, foi o suficiente para me impressionar com a fé impregnada no rosto das pessoas, nos objetos e em mim. A energia canalizada no local é muito forte e pura. Tem tanta paz que é impossível não se envolver. Fiquei emocionada a tal ponto que não conseguia pensar em absolutamente nada, para ser sincera. Foi um momento indescritível de coração aberto para sentir aquela vibração tão boa.
Na saída, passei pelo muro onde as pessoas colam pedidos e recados escritos em papeizinhos, que te entregam logo ao entrar. O meu, em branco, guardei no bolso. Tirei poucas fotos e despedi-me da casa. De tantas igrejas que já visitei para apreciar arte ou uma referência histórica, este templo, simplesmente, marcou-me pelo inexplicável. Posso dizer que foi uma bênção muda, sem imagens e sem gestos, mas imersa em paz profunda.
Entrei no ônibus e desci a colina rumo à Éfeso em silêncio, imaginando apenas como foram os últimos anos de vida de uma mulher tão forte, de espírito elevadíssimo e que perdera o filho de forma tão bruta, por motivos tão torpes. Pela egrégora do lugar, acredito que foram anos de paz. A paz de seu amor incondicional.
*Texto publicado originalmente em 2012
